O estado colonial português e o poder tradicional
Do ano de 1933 até 1975, é o período dentro qual, se fará o estudo da acção colonial portuguesa face ao poder tradicional em Moçambique. É escolhido este horizonte temporal, pelo facto de que foi a partir de 1933, que por consequência da ocupação efectiva, entra-se na segunda fase mais importante da colonização do país, que se resumiu na instalação do aparelho do Estado colonial e institucionalização das autoridades tradicionais, ora denominadas autoridades gentílicas. Para melhor enquadramento, importa fazer uma retrospectiva do passado relativo, focando sobre a Conferência de Berlim. Terminada esta, em 1885, no ano seguinte os portugueses formalmente começaram a ocupar militarmente Moçambique, iniciando assim um novo período na história colonial de Moçambique, com a criação do sistema da administração colonial. Como se disse, o passo inicial consistiu na ocupação militar. O segundo passo, como consequência do primeiro, conduziu à instalação do aparelho do Estado colonial, usando um sistema de administração directa, que consistiu no envio desde a metrópole, da máquina administrativa, sem se dar espaço a estrutura tradicional pre-existente. Os moçambicanos, face à ocupação portuguesa, resistiram sobremaneira, tendo estando os chefes tradicionais à cabeça desses movimentos. Porém, os portugueses conseguiram proceder à “ocupação efectiva” usando a sua máquina militar que era relativamente sofisticada, juntamente com soldados de certas comunidades na luta contra outras comunidades. Portanto, a traição, o armamento superior, a divisão no seio dos moçambicanos, o uso de chefes tradicionais para combater os outros, foram as armas usadas pelos portugueses para a “ocupação efectiva”, conforme sustenta o historiador americano Allen Isaacman.[1]
Sobre este assunto, Eduardo Lupi, referia, em 1909, que:
“ por não haver a norte do Zambeze “o mais leve arremedo de consciência nacional” e por serem tão