O espectro do capitalismo: uma leitura de Cosmópolis
Alysson Tadeu Alves de Oliveira1
Mestrando do Programa de Estudos Linguísticos e
Literários em Inglês-FFLCH-USP
Resumo: Quando foi publicado em 2003, o romance Cosmópolis, de Don DeLillo, teve uma recepção controversa, e poucos críticos notaram o tom profético da obra.
Quase uma década depois, sua adaptação cinematográfica, assinada por David
Cronenberg, permitiu uma releitura, agora sob o contexto de uma crise econômica parecida com aquela retratada no livro. Esse artigo investiga a obra literária sob a ótica do longa-metragem, analisando a relação do protagonista e seus subalternos, e como o romance e o filme figuram a crise econômica de 2008.
Palavras-chave: Capitalismo, Cosmópolis, Crise Econômica, David Cronenberg,
Don DeLillo
Quando foi publicado em 2003, o romance Cosmópolis, do escritor
Don DeLillo, teve uma recepção controversa. As feridas do 11 de setembro ainda não estavam curadas totalmente – se é que isso será possível algum dia – e muitos resenhistas insistiam naquilo sobre o qual o livro não é, deixando de perceber que, ao seu centro, o romance lida com a possibilidade de uma crise econômica. Quase uma década depois, quando a adaptação do livro assinada por David
Cronenberg foi lançada no Festival de Cannes, em maio de 2012, permitiu uma nova leitura do romance sob a sombra de um colapso econômico real que começou em 2007 e ecoa até hoje, gerando, entre outras manifestações, o movimento Occupy Wall Street.
Este ensaio investiga a adaptação cinematográfica do romance sob a ótica da dialética hegeliana do senhor e do escravo, analisando as relações entre o protagonista – um especulador financeiro jovem e rico – com as pessoas que o cercam. Uma vez que o filme é contado do ponto de vista dele, tal focalização é traduzida na forma, que, comparada com o romance, dá aos personagens secundários menos tempo na tela. Já os comentários de Fredric Jameson sobre a