O espaço brasileiro
O trabalho e as formas de transformação do espaço brasileiro
A estrutura produtiva do país passou por dois ciclos de profundas alterações nas últimas décadas. O primeiro refere-se ao projeto de modernização da economia consolidado com o desenvolvimento industrial a partir da década de 60. Juntamente com a modernização do campo, desde então redesenhou-se a ocupação do espaço brasileiro. Além disso, a crescente importância da pecuária na produção da riqueza nacional trouxe consequências para a divisão interregional do trabalho. No entanto, a reorganização econômica e geográfica não se fez isoladamente. As mudanças de rumo no capitalismo internacional decorrentes da crise do petróleo e do endividamento do Estado logo alteraram os padrões da industrialização brasileira. As multinacionais (ou transnacionais) tornaram-se peças fundamentais do cenário econômico do país e, mais tardiamente, tornou-se obrigatório o debate em torno do papel do Estado na economia e nas relações sociais. No final da década de 80 e no início da década de 90 inaugurava-se um novo ciclo de mudanças: reestruturação do papel do Estado, busca de qualidade e redução de custos para elevar a competitividade do país no comércio internacional e alterações na divisão setorial do trabalho. Formas tradicionais e modernas de trabalho no campo 1- O campo se moderniza Com a aceleração industrial a partir da 60, a participação do setor agropecuário na produção da riqueza nacional reduziu-se paulatinamente. A própria agropecuária, bem como as relações sociais e as formas de trabalho, foi dominada cada vez mais pelo capitalismo industrial em sua fase monopolista. Já vimos como o desenvolvimento do capitalismo imprime ao campo uma série de alterações, processo genéricamente conhecido como modernização agrícola, que é caracterizada por: a) subordinação ao mundo urbano-industrial, ao qual fornece alimentos e matérias-primas; b) aumento do cultivo de