O enfermeiro
O personagem protagonista é o narrador, o Enfermeiro que inicia afirmando que está à morte, deixando com isso, no leitor, a crença de que se está diante da confissão de um moribundo, portanto digna de todo o crédito. O ponto de vista, interno, como acontece também em Don Casmurro, deixando, na verdade uma grande dúvida no espírito de quem lê e julga: pode-se confiar em um sujerito que conta a sua própria história? Não estaria ele “forçando a barra” para minimizar sua culpas, se é que há culpas?
O espaço e o tempo são bem definidos. São constantes as referências ao relógio, aos dias da semana, aos meses. O cenário é uma pequena cidade do interior do estado do RJ com leves referências à corte. Nesse espaço restrito e nesse tempo limitado, movem-se os protagonistas: Procópio e o Coronel Felisberto. São personagens esféricos ( psicológicos ) pela evolução em complexidade no decorrer da narrativa. Procópio ora se apresenta como um homem religioso e temente a Deus, ora ele mesmo se confessa incrédulo. Felisberto é completamente imprevisível tanto pela ação contrária ao protagonista quanto pela surpresa que revela ao final de sua vida.
Procópio é contratado como enfermeiro do velho – Felisberto – ranzinzo e sádico. Sofre, pacientemente, nas mãos do velho. As agressões, a princípio verbais e descabidas passam a físicas chegando mesmo a ameaças de morte que conduzem Procópio a um estáfio tal de desespero e revolta que ele termina por matar Felisberto, um acesso de incontrolável ira. Para sua surpresa, o velho o havia instituido seu herdeiro universal e ele,