O encontro do leitor com a palavra alheia: leituras bakhtinianas
No artigo ‘’O Encontro do leitor com a palavra alheia ‘’, Shapper e Ramos discutem a leitura, a partir das relações que o sujeito leitor estabelece com o discurso alheio, baseado no que Bakhtin (1983) classificou por discurso de autoridade. Segundo as autoras, no cenário acadêmico, a díade tem sido discutida nos muitos estudos que deram visibilidade às práticas leitoras desenvolvidas no cotidiano escolar. É o momento em que os usos sociais da língua assumem o seu protagonismo nos estudos sobre a leitura, colocando em cena as diversidades do modo de ler. Esses estudos também colocam em xeque trabalhado na escola. Elas dizem que apesar de não se ater a questões específicas do campo educacional, o acento de sua obra na centralidade da linguagem e na importância da constituição da consciência social do sujeito, nos permite tecer as aproximações deste ensaio. As expectativas das autoras são mapear o movimento discursivo que coloca a leitura no lugar privilegiado de encontro da palavra própria com a palavra alheia. As autoras explicam que o discurso autoritário se funda no estatuto de verdade absoluta, consolidando ou reforçando significados fixos que não se modificam em contato com outras vozes, ao contrário do discurso de autoridade, a palavra internamente persuasiva não é finita, abre-se para muitas possibilidades de inferência do discurso interior. Shapper e Ramos afirmam que é no processo da compreensão ativa que podemos entender a distinção entre sentido e significação, já que esta compreensão é uma forma de diálogo que possibilita ao locutor-ouvinte espaços de oposição na contrapalavra, na réplica. É, portanto, no interior da comunidade semiótica que o signo linguístico, e, por conseguinte, a indissociabilidade de sentido-significado, explicam as autoras. As autoras