O Efeito Metrópole na Cultura Política: reflexões a partir de Louis Wirth
Louis Wirth
Louis Wirth (1897-1952) nasceu na Alemanha, mas fez seus estudos nos Estados Unidos, na Universidade de Chicago. Formado pela primeira geração dessa escola, tornar-se-ia mais tarde um de seus mais importantes professores. Suas principais obras são O gueto, publicado em 1928, e o texto aqui apresentado, “O urbanismo como modo de vida”. Publicado originalmente no American Journal of Sociology, teve tradução para o português no livro O fenômeno urbano, organizado por Otávio Guilherme
Velho (1987) e publicado pela Editora Guanabara. Trata-se de uma importante coletânea, que traz ainda textos de Georg Simmel, Robert Park,
Max Weber e P. H. Chombart de Lauvwe, mas que se encontra esgotada.
Em O urbanismo como modo de vida, a influência do sociólogo alemão Georg Simmel é facilmente perceptível. O texto de Wirth remete a várias questões discutidas por Simmel em “A metrópole e a vida mental”
(1987), mas há contribuições novas e importantes. A primeira delas referese ao tratamento do urbano e do rural não mais como opostos ou como dois espaços e modos de vida separados e sem contato. Ao contrário, Wirth destaca a interpenetração desses mundos. A vida urbana é influenciada pela vida rural, até porque muitos de seus habitantes têm origem rural, e o urbanismo rompe as fronteiras da cidade, levando sua influência para além de seus limites físicos.
Wirth, como Simmel e Weber, tratou esses mundos como tipos ideais e procurou uma definição de cidade que captasse tanto a sua dimensão
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- Doutora em sociologia e professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e dos cursos de Ciências Sociais e Jornalismo da PUC Minas. Coordenadora Regional do Instituto do Milênio.
física quanto a social. A cidade como uma realidade sui generis, “uma determinada forma de associação humana” e um ambiente que produz uma forma também específica de vida, “um modo distinto de vida dos