O discurso pela montagem
Caio Prado Faião
Resumo
Dziga Vertov é um dos principais cineastas do cinema soviético e um forte teórico da montagem e justaposição de imagens para o conceito cinematográfico. Podemos analisar como principal característica de seus filmes, e o elemento que o difere dos demais cineastas soviéticos, é o realismo presente dentro do fotograma e a “naturalidade” das cenas gravadas. Vertov tinha como ideologia “alfabetizar” a população para a linguagem cinematográfica, e ao mesmo tempo educar seus espectadores a ideologia comunista e a afronta ao consumo e hierarquia do sistema dominado pelo capital.
Introdução Em 1917 com a revolução de outubro o cinema soviético passou por uma época de grande expansão e proporcionou a seus realizadores uma liberdade de experimentações audiovisuais. Tal desenvolvimento foi muito importante para a formulação de teorias e técnicas cinematográficas, das quais podemos destacar nas obras de Dziga Vertov a justaposição de imagens e a captação do real, ou seja, sem atores; estúdios ou roteiro. Começando pela justaposição, uma ideia desenvolvida também por Eisenstein e baseada nas experimentações de Krakauer, onde a imagem atual do filme não possuí um sentido isolado, mas depende das imagens precedentes e/ou sucessoras para a criação de um terceiro sentido diferente das partes isoladas. Segundo critério do cinema de Vertov é o realismo dos planos. O cineasta estabelece que, diferente do caminho tomado pelo sistema americano de filmagem teatral, o cinema deve fundamentalmente captar o dia a dia, o imediato, o que Vertov chama de cinema-verdade. A partir de tais imagens captadas a arte real do cinema se formula a partir da montagem. Vertov tinha como meio de produção a captação independente de imagens através de um grupo de cinegrafistas encaminhados a diferentes locais, e a partir de tais imagens capitadas ele montava obras cinematográficas e criava