O dia em que dorival parou a guarda
Em uma prisão militar, em uma noite de muito calor, o prisioneiro Dorival tem apenas um desejo: tomar um banho. Para consegui-lo, vai ter que enfrentar um soldado assustado, um cabo com mania de herói, um sargento com saudade da namorada, um tenente cheio de prepotência - e acabar com a tranquilidade daquela noite no quartel.
ANÁLISE CRÍTICA
Em “O Dia em que Dorival Encarou o Guarda” confirma uma triste estática no país: o racismo no Brasil não só persiste, como existe uma grande diferença de tratamento dado a negros que estão melhor situados na escala social, o que torna o racismo mais cruel.
O filme começa quando o prisioneiro Dorival, suando muito, chega ao seu limite, após dez dias sem banho. Disposto a conseguir alívio para o calor a qualquer preço, ele usa o recurso de que dispõe: começa a torpedear de perguntas e sátiras a militares de diversas patentes . O roteiro simples é trabalhado com criatividade por Jorge Furtado. O ritmo do filme é dado pela inserção de flashes de filmes famosos, com comparações, ora grosseiras, ora irônicas, entre cenas da “ficção” e da “realidade”. A cada vez que Dorival desbanca o patenteado da vez, vociferando e balançando o seu corpão, entra um flash do ameaçador gorila de King Kong. Quando o preso ameaça gritar até tirar o sossego de todo o quartel, surge o cantor negro de Casablanca soltando o vozeirão.
Além de ganhar vivacidade, a história fica até engraçada, mesmo tratando de transgressões contra presos e do preconceito racial mal disfarçado pelo branco e aceito pelo negro que está um passo acima. O sargento, também negro, ignora as ofensas dirigidas pelos militares a Dorival. Elas não o atingem. Os dois estão posições diferentes: um tem autoridade e o outro só é um prisioneiro. O sargento até participa da surra dada em Dorival pelos militares de plantão, afinal, o “crioulo” não respeita hierarquias convencionais e repete a cada instante que sargento (cabo ou tenente) e merda é a mesma coisa. Com a