O Descobrimento do brasil
Posted by: Andréa Motta | on abril 22, 2012 Um dos primeiros textos escritos em terras brasileiras foi a Carta, de Pero Vaz de Caminha. O escrivão registrou os problemas enfrentados durante a viagem – entre eles o desaparecimento de uma das naus -, o contato com os indígenas, as riquezas naturais, as duas primeiras missas aqui celebradas. O objetivo deste texto é mostrar ao leitor como era a língua portuguesa na época do descobrimento. A Carta é considerada como um “documento literário expressivo da passagem da fase arcaica da língua para a moderna, em especial no período clássico” (ELIA, 2003, p. 44). A fase arcaica estende-se do século XII ao XVI e a moderna, do século XVI até os dias atuais. Pero Vaz de Caminha está na transição entre os dois momentos e seu texto não oferece grandes dificuldades ao leitor moderno, embora ainda haja traços de arcaísmos em sua escrita. Tais resquícios podem ser percebidos em formas como moor (mor), asy (assim), nom (não), leitarey (deixarei), milhor (melhor), pera (para), inorançia (ignorância), poer (por), amtre (entre), contrairo (contrário), seer (ser), deziam (diziam), camtidade (quantidade), todolos (todos os), giolhos (joelhos), meudo (miúdo).
O historiador português Jaime Cortesão escreveu a respeito da Carta:
A Carta de Caminha constitui, pois quase sempre um bom exemplo de ortografia fonética, e como tal, sabe-se, perdurou até o século XVI; e nesse caso melhor diríamos eufônica, mais preocupada com a reprodução fluente e harmoniosa dos sons do que obediente à individuação gramatical. Aqui a língua se encontra em plena e livre evolução, fiel apenas ao seu gênio íntimo, e isenta dos pruridos e acréscimos eruditos que em breve chegarão com o Renascimento.
Vejamos como era o texto original de Pero Vaz de Caminha e sua transcrição em português moderno:
Posto queo capitam moor desta vossa frota e asy os outros