"O corte" de Costa Gravas.
Victória Ragazzi Teixeira. Genericamente, o processo de globalização é um fenômeno do modelo econômico capitalista, o qual faz interferências na economia, na cultura e em geral, no âmbito planetário. Em nosso dia-a-dia, vivemos esse progresso continuamente, muitas vezes sem perceber e sem dar valor às artes que, com frequência, tentam representar essa mudança tão significativa. Em "O Corte", do cineasta grego - e naturalizado francês - Costa Gravas, a globalização e o mercado de trabalho são temas que, por vários momentos, assustam o telespectador. Ao contrário da imagem idealizada de um mundo tecnológico e mais qualitativo, o filme nos mostra o quão irracional o ser humano pode chegar a ser. O personagem que conduz a história, Bruno, perde seu emprego na indústria papeleira após quinze anos de trabalho por conta de um corte de funcionários. É aí que, no fracasso em conseguir uma nova oportunidade, o protagonista se vê diante de uma única solução, egocêntrica e irracional: acabar com seus "inimigos". O filme nos mostra, sem acanho, que a figura pessoal do personagem não denuncia uma má índole, sua relação com a família – tipicamente capitalista – não nos mostra problemas de grande relevância, existe de fato a relação familiar. Com os antigos colegas de trabalho, o mesmo ocorre, não há atritos, dentro do mesmo nicho, todos são tratados com simpatia e cordialidade. Apesar das boas relações, Gravas nos deixa claro que, caso não haja interesses dentro dessas convivências, não é necessário tê-las. Um exemplo que comprova este fato é o momento em que Bruno percebe que está dependendo de um vizinho que ele praticamente não conhecia para levar sua esposa ao trabalho, já que o corte na empresa consequentemente abalou a situação financeira da família. Em uma análise científica – e em comparação à teoria Darwinista – em “O Corte”, o protagonista