O Capita Fran S
Tal síntese da afirmação, sugerindo uma inversão de valores, do protagonista Marc Tourneil (Gad Elmaleh), um banqueiro francês em ascensão, jogando o jogo do capitalismo selvagem, é o que impulsiona O Capital, mais um dos thrillers em que o diretor Costa-Gravas, de maneira oportuna, utiliza para cutucar questões inerentes ao mundo moderno. Pode não ter a força da crítica política de um Z (1969) ou mesmo o acerto de contas histórico de Sessão Especial de Justiça (1975), mas dá conta do recado.
De maneira semelhante aos supracitados trabalhos anteriores, O Capitaltraça um paralelo investigativo, imbuído de demasiada ironia, sobre as batalhas de bastidores travadas por poder, ou seja, por dinheiro, porque ambos caminham lado a lado. E Costa-Gravas exercita em Marc um pertinente estudo ontológico, desconstruindo um sujeito que em algum momento foi um idealista, mas que ao se ver ditando as regras, vira alvo de quem um dia admirou. Voltando, então, a nossa epígrafe, Marc é um vingador as avessas.
E ao assumir a posição interina de presidente do banco francês, Marc precisa transpor obstáculos a qualquer custo, nem que isso apague seu último fiapo de moral. Nesse sentido, O Capital se assemelha a O Corte (2005), mas duma maneira contrária, visto que no segundo, Costa-Gravas exercita as mazelas do capitalismo num sujeito que faz de tudo para se reinserir no mercado de trabalho. Penso não ser errado afirmar que as duas obras dialogam entre si.
Se O Corte traz uma perspectiva hiper-realística de quem fica à mercê do poder, O Capital também traz um simulacro de situações de quem detêm o poder. É especialmente marcante como Marc roda o mundo - literalmente - atrás de uma super-modelo, em busca de sexo. É a afirmação mais simples da sua soberania, transitando entre países, participando de negociatas escusas, mas que no final pareiam com a necessidade de obter um momento da mais simples luxúria. "Somos crianças grandes.", o próprio Marc reconhece.
Dessa