O Corpo na idade Média.

“O Corpo na Idade Média”

O texto trabalhado apresenta algumas importantes informações a fim de que entendamos como, na Idade Média, a questão do ‘corpo’ era encarada.
De início, verifica-se um processo de dualidade na coexistência de corpo e alma. Ambos se oporiam. Aquele, buscando o mal, o erro, a transgressão, o pecado, o diabo, satanás, algo que o valha. Esta, buscando o bem, a luz, a santificação, a purificação, enfim, a Deus. “O pecado bate à porta; cumpre a ti dominá-lo”. Seria essa a orientação de Deus às suas criaturas. Quem primeiro ouviu essa assertiva foi Adão (Gn 4.7), quando ‘pisou na bola’ ante a Eva.
Necessário seria que viéssemos a renunciar à carne a fim de que pudéssemos vir a priorizar a alma, fortalecendo, por conseguinte, o espírito, uma vez que residiriam na carne o pecado, o erro e as transgressões, ao passo que, na alma, local de santificação, residiria Deus. Nesse particular, vale não esquecer – e isso é bastante fortalecido nas palavras do Apóstolo Paulo - que seria, segundo a Bíblia, o corpo templo do Espírito santo e morada de Deus [I Cor 6. 19-20].
Desse ponto de vista, adviriam os castigos e punições físicas, tão apregoados e defendidos, à época, pela Igreja Católica (cujos ícones, naquele período, eram São Francisco de Assis, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino). O pagamento pelos erros cometidos – a forma aceita para apagar o pecado – seria imputar ao corpo sofrimento, via mecanismos de aflição carnais.
Como ‘clímax’ desse entendimento do castigo corporal enquanto mecanismo de santificação, Deus apresenta ao mundo o Seu Filho, vilipendiado, esculachado, humilhado e, posteriormente, morto e posto numa cruz, que era símbolo de maldição.
Seria essa a via de reencontro entre o Criador e a criatura, à medida que o sacrifício de Jesus Cristo seria a consecução da Última Aliança. Para que se facilite o entendimento dessa premissa, há que se ter o domínio histórico de algumas informações da Bíblia, na condição de Palavra de Deus.