O Conceito de Tempo
A ideia de que a Terra poderia ser extremamente antiga só emergiu por volta do século XVIII com o adento do pensamento científico moderno (iluminismo) e a Revolução Industrial. Nessa época, a ascendência do raciocínio científico substituiu as explicações sobrenaturais para fenômenos da natureza por leis naturais fundamentadas na observação, investigação científica e emprego do senso comum. A demanda por matérias-primas e recursos energéticos criada pela Revolução Industrial tornou necessário conhecer melhor a distribuição e a origem dos bens minerais.
Antes disso, nem se cogitava que o mundo pudesse ser muito antigo por causa da forte influência religiosa no pensamento intelectual da civilização ocidental da época. E cada religião tinha seu cálculo da data da Criação. No calendário judaico, por exemplo, a Terra teria sido concebida em 3761 a.C. De acordo com o respeitado arcebispo protestante James Ussher, publicou um volumoso tratado sobre a cronologia bíblica, a partir das escrituras sagradas e outras fontes históricas. Ussher concluiu que a Criação havia se dado no dia 23 de outubro, do ano 4004 a.C.
Em 1749, Buffon recalculou essa idade, a partir de experimentos com esferas incandescentes, para simular o estado de fusão inicial do planeta Terra, e estimativas da taxa de dissipação do calor. Obteve idades entre 75 mil e 168 mil anos para a terra, mais de 10 vezes a idade admitida por teólogos cristãos, mas acreditava, secretamente, que poderia chegar a 3 milhões de anos.
Nesse panorama intelectual, então, nasceu a Geologia. O dinamarquês Nils Stensen, mais conhecido pelo nome latinizado de Nicolau Steno foi quem primeiro enunciou os princípios dessa nova ciência. Com o estabelecimento dos princípios de Steno, adotava-se, pela primeira vez, a observação sistemática do registro geológico como método científico para interpretar a história e a idade da Terra – um raciocínio revolucionário na maneira de entender o