O CERCO REGALISTA CONTRA A VIDA RELIGIOSA AO LONGO DO IMPÉRIO
1. Introdução
Os manuais de história do Brasil apresentam a posição evidenciando que a independência no Brasil seguiu um caminho diferente daquele dos países hispânicos, uma vez que estes adotaram a forma republicana de governo após a mesma. Já a chamada América Portuguesa se converteu num Império que foi governado pela dinastia dos Bragança por 67 anos. Em consequência disso, a continuidade desta mesma dinastia com a ex-metrópole manteve, no Brasil, o fortalecimento sempre mais aguçado de uma pequena elite homogênea composta, na sua maioria, por magistrados. Como era bem treinada na máquina burocrática estatal, capaz de assumir a direção do novo Estado, teve condições de conservar a tradição do intervencionismo regalista, ou seja, manteve o poder secular no âmbito eclesiástico, o que acabou por prevalecer com algumas inovações, por todo o período monárquico (1822-1889).
2. Características gerais
No Século XIX, a política brasileira esteve concentrada nas mãos da elite agrária r foi governada por dois imperadores: D. Pedro I e D. Pedro II. Tal período estendeu-se de 1822 a 1889, sob a normativa de uma Constituição que lhes assegurava poderes quase que ilimitados. Neste período, o Estado brasileiro era sustentado economicamente pelo café e enriqueceu São Paulo, considerada até então uma das regiões mais pobres do Brasil (cf. PETTA, 1999, p. 151). O governo, em 1822, era de caráter autoritário, com aparência de monarquia constitucional, organizado em 4 poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e moderador, sendo este exclusivo do imperador, podendo exercer inteira autoridade sobre os demais. No entanto, o imperador não governava sozinho. Era auxiliado por grupos da elite econômica e no primeiro reinado, D. Pedro I contou com o apoio dos comerciantes portugueses.
Com a centralização e a autorização de D. Pedro I, o Estafo foi organizado pela classe