O cavaleiro negro
Podia protelar, mas sabia que aquele dia não seria diferente. Só precisava esperar até o pai, o Conde de Campion, conduzir a nova esposa até o saguão, para ser informado sobre as mudanças que haveria no castelo. Embora Reynold amasse e venerasse seu genitor e tivesse aprendido a gostar de Joy, a felicidade dos dois era uma lembrança amarga da sua própria carência.
Nos últimos anos, cinco dos seus seis irmãos tam¬bém haviam se casado e estava dolorosamente ciente do fato de ser o próximo da lista. Embora não tivesse nada contra o casamento que levara seus irmãos a ter esposas e famílias, sabia que o futuro não lhe reservava o mes¬mo.
Não tardaria e todos em Campion olhariam para ele ou para o seu irmão mais novo, Nicholas, comen¬tando e desejando saber quem seria o último De Burgh a se apaixonar. Decidira que seria mais fácil partir, para escapar às perguntas e aos relances de compaixão que se seguiriam, bem como para não ter que testemunhar a felicidade dos outros. Quando Campion começasse a dar boas-vindas a novos filhos, esperava estar bem lon¬ge dali.
O pensamento o fez lamentar os preciosos momentos que desperdiçara naquele último adeus e se apressou pelo castelo até o pátio, onde o seu destrier o aguardava. Não contara a ninguém sobre seus planos, mas havia deixado uma mensagem, informando ao pai que parti¬ria em uma peregrinação.
Embora, não tivesse nenhum destino em mente, aquela explicação impediria que a família saísse em seu encalço. Uma peregrinação, quer para um lugar sagra¬do ou para uma região remota, era uma decisão pessoal, que deveria manter o pai e os irmãos à distância. Reynold não desejava que eles deixassem esposas e filhos para se embrenhar no mato a sua procura, especialmen¬te quando não queria ser encontrado.
Atento aos criados e aos homens livres que começavam a despertar, estava a ponto de montar seu cavalo, quando ouviu o tinido de sinos que soava por entre as sombras, próximo às portas do castelo. O