o carcerario
Apesar dos relatos sobre as reformas das prisões, a data que marca fortemente a formação do sistema carcerário é a de 22 de janeiro de 1840, data da abertura oficial de Mettray (Colônia Francesa). Onde a forma disciplinar é mantida no estado mais intenso, o modelo em que concentram todas as tecnologias coercitivas do comportamento. Tem algo do convento, da prisão, do colégio, do regimento.
Os pequenos grupos, fortemente hierarquizados, entre os quais os detentos se repartem, têm simultaneamente cinco modelos de referência:
1. Modelo da família (composta de “irmãos” e de dois “mais velhos” – chefe/ subchefe);
2. Modelo do exército (comandado por um subchefe, exercícios, regras e etc.)
3. Modelo da oficina (mais velhos ensinam os mais jovens);
4. Modelo da escola (De uma a duas horas de aula por dia);
5. Modelo judiciário (Todos os dias se faz uma “distribuição de justiça” no parlatório: A mínima desobediência é castigada).
Essa coincidência de modelos diferentes permite determinar a função de adestramento no que ela tem de especifico.
Lá também eram forjados os chefes dos detentos/colonos, que seriam os futuros administradores e estes eram submetidos aos mesmos aprendizados e às mesmas coerções que os próprios detentos. Em Mettray era ensinada a arte das relações de poder.
Primeira escola normal da disciplina pura: o penitenciário não se trata exatamente de uma ciência nem tem uma caução na "humanidade": mas uma técnica que se aprende, se transmite, e que obedece a normas gerais. É uma "normalização" (norma) por uma elaboração técnica e uma reflexão racional. "A técnica disciplinar torna-se uma 'disciplina' que, também, tem sua escola."
Nesse período das práticas de Mettray a psicologia cientifica passa por um crescimento, e ocorre uma verdadeira certidão de nascimento.