O caderno Rosa de Lori Lamby - Crítica literária

O caderno rosa de Lori Lamby e a crítica literária

A obra O caderno rosa de Lori Lamby, da escritora paulista Hilda Hilst, é um romance metaficcional, na qual trabalha com a metalinguagem e tem como tema a história da menina Lori Lamby, de oito anos.
Nesta obra há uma primeira narração que revela Lori Lamby como uma menininha de oito anos que foi feita prostituta pelos pais e sente prazer em praticar sexo, porém há outra narrativa por detrás da primeira: a de uma garotinha que vê a necessidade de ajudar o seu pai, escritor, a ganhar dinheiro, pois sua escrita era excessivamente complexa e Lalau, o editor, precisa de obras mais explícitas e com “bandalheiras”, porque os leitores não teriam a capacidade de compreender textos tão complexos.
Neste primeiro momento faremos uma afirmação, a fim de mostrarmos como a autora trabalha com os conceitos teóricos: alguns autores por serem rejeitados pela sociedade, por exemplo, por terem uma escrita demasiadamente complexa, como é o caso da Hilda Hilst, acabam vivendo uma condição paratópica e acabam introduzindo em suas próprias obras essa paratopia do autor. Em O Caderno rosa, o pai de Lori, como escritor, é quem passa por essa condição paratópica. Dominique Maingueneau explica esta paratopia no seu livro O contexto da obra literária: enunciação, escritor, sociedade 2ª Ed.: “A pertinência ao campo literário não é, portanto, a ausência de qualquer lugar, mas antes uma negociação difícil entre o lugar e o não-lugar, uma localização parasitária, que vive da própria impossibilidade de se estabilizar. Essa localidade paradoxal vamos chamá-la de paratopia.” (MAINGUENEAU, 2001, p. 28).
Hilda Hilst revela-nos ainda outros conceitos, pois vendo uma necessidade de ajudar, a menininha Lori pega do escritório de seu pai o chamado caderno negro onde ele tentava produzir suas obras bandalheiras. Com esse caderno em mãos e prestando muita atenção nas conversas entre seu pai e Lalau, a pequena Lori inconscientemente encontra no seu