O Brasil e a ONU
O Brasil e a ONU
Um dos principais pilares da diplomacia brasileira é o firme compromisso com o sistema multilateral, associado a suas tradições de defesa da legalidade e legitimidade das relações internacionais. Neste capítulo, complementando as análises do anterior, o objetivo é apresentar a atuação brasileira neste sistema, com foco em temas político-sociais, os financeiros-comerciais e a agenda de segurança.
As Nações Unidas
Como analisado no 1.2, uma das primeiras hipóteses sobre o cenário mundial depois de 1989 girava em torno do estabelecimento de uma nova ordem a partir da ONU, fortalecendo a premissa de um sistema de governança global. Trazida por George Bush pai, esta avaliação rapidamente esvaziou-se. Este esvaziamento deriva de três fontes: as dificuldades da ONU em atuar no pós-Guerra Fria, a ausência de reformas que adequassem o organismo ao novo equilíbrio de poder existente e a tendência unilateral de alguns países membros, em particular os EUA de W. Bush.
O organismo vem sendo contestado por sua suposta inércia, credibilidade e legitimidade em muitas oportunidades. Estas contestações são periódicas e referem-se desde a inabilidade da ONU em atuar em situações de grave crise humanitária ou de “segurança nacional” como a invasão do Iraque. Tais críticas muitas vezes ignoram que o bom funcionamento das OIGs depende em grande medida do compromisso de suas partes, no frágil equilíbrio entre a autonomia institucional e a soberania estatal.
Todavia, trata-se de uma instituição fundamental para as relações internacionais, cuja importância não pode ser esquecida ou minimizada. A ausência desta atualização, o encolhimento do sistema e a perda de sua credibilidade são ameaças reais. O desafio da reforma, da efetividade e da legitimidade da ONU permanece como central na agenda mundial, devendo ser analisada suas dimensões e possibilidades, assim como a atuação do organismo em termos sociais,