O Bom Pol Tico
José Nazar
Resumo: O autor identifica o lugar que o político ocupa frente aos cidadãos e ao Estado. Para isto, utiliza a coisa pública como referência simbólica que não cessa de produzir diferenças. Há o bom e o mau político. Este discernimento vai depender da relação que cada um estabelece com a coisa pública. Descrita como o sagrado de uma nação, a coisa pública não é propriedade de ninguém, pois ela serve a todos e todos servem a ela.
Palavras-chave: bom e mau político, a coisa pública, corrupção.
O que nos leva a sempre criticar os políticos? Temos para com eles uma gritante relação de insatisfação que faz brotar, em nosso espírito, um sentimento que chega às raias do escárnio, do desprezo. Os políticos, então, são para nós seres desprezíveis, que despertam sentimentos regidos pelo ódio e pela desconfiança, quase sempre arrolados na esteira de um estigma como seres corruptos. Para nós, o lugar que o político ocupa é aquele de um quadro já pintado, já configurado em seus matizes, por vezes demoníacos, concluído numa definição que é salpicada de significações que se estruturam como verdadeiras injúrias. Ou seja, do ponto de vista do cidadão comum, o político é isto, é aquilo. Portanto, o político já está de antemão sentenciado, condenado perpetuamente pelo imaginário social, como algo que deve ser mantido à margem. Mas, qual a razão desta interpretação tão negativa? Eles são mesmo dignos de tamanha maledicência? Podemos inferir que a imagem distorcida que temos do gestor político não se deve, em hipótese alguma, à presença deste ou daquele fator ligado à corrupção. A ideia de uma possível corrupção se alimenta naquilo que já está ali, que vige por baixo, nos bastidores da relação de desprezo que o cidadão comum mantém com seu governante. O político como alguém sinônimo de corrupção é então consequência e não causa desta mácula exuberante. A corrupção é um desvio que existe e passa a consistir, cada vez mais, em função do intenso distanciamento que