O Auto Da Barca Do Inferno II
1423 palavras
6 páginas
O Auto da Barca do Inferno foi escrita por Gil Vicente e editada em folheto pelo autor em 1517, para o que tudo indica, ser encenada para D. Manuel, na época de Natal. Nesta obra, duas personagens antagônicas, recebem para viagens com destinos diferentes, passageiros distintos. Os destinos são o Céu e o Inferno e a viagem, é a recompensa pela vida terrena de cada uma das personagens. Os vícios comuns da sociedade são mostrados de forma direta pelo autor, sem no entanto, amainar o tom irônico e humorístico do conjunto da obra. Deste modo, temos as seguintes personagens analisadas aqui, todas almejando o Céu por não carregarem culpa por seus atos quando em vida, entretanto, poucos embarcarão rumo ao paraíso. O Anjo ou o Arrais do Céu, fala pouco, fazendo intervenções apenas quando necessárias e quando o faz, sabiamente. Não argumenta de forma insistente com os desejosos passageiros de sua embarcação, pois os mesmos carregam consigo, as marcas de seus vícios terrenos. Desta forma, raramente utiliza argumentos irônicos e apenas aguarda o embarque das poucas almas puras, que no final são escassas. O Diabo ou o Arrais do Inferno é aquele que detém mais falas, tem voz ativa durante toda a encenação e por seu caráter persuasivo, faz que o embarque a Barca do Inferno, pareça uma viagem agradável. Para convencer as personagens, acusa-as pelos seus erros quando em vida, conscientizando-as dos mesmos. Mostra-se extremamente sarcástico, dominador e tem muita pressa pela viagem, uma vez que sabe que a barca irá cheia. Usa o canto para seduzir as almas no embarque. O Companheiro do Diabo é analisado como cúmplice do Arrais do Inferno, que apenas concorda com o seu mestre, sem voz ativa. O Fidalgo necessariamente representa a nobreza dentro da peça de Gil Vicente. Mostra-se arrogante e por sua posição social, acredita ser merecedor de embarcar na Barca do Anjo. Traz consigo um pajem que levava a cadeira de espaldar para