O ato de estudar

A critica nao e, portanto, urn conjunto de conteudos verda- deiros, mas uma forma de trabalhar. A forma de urn trabalho in- telectual, que e 0 trabalho filos6fico por excelencia. Nesse sentido, excluir a Filosofia de uma Universidade e, provavelmente, abolir o lugar privilegiado da realizac;ao da critica. Obviamente, tem-se me do da critica, pois se a critic a nao traz conteudos previos, mas IS descoberta de conteudos escondidos, entao ela IS muito peri- gosa ...
(MARlLENA CHAUI) o que voce entende pOl'critica? Repare que 0 ato dc critical' e urn juizo. Como critical' sem conhecer a materia que csta ana- lisando? Critical' pOI' critical' e urn ate psicologico, mas nao cs- tritamente logico. E 0 ato de se contrapor, mas, na maior parte das vezes, sem fundamentos POI'falta de exame. Como estabelecer a verdadeira correspondencia entre os conceitos de urn texto, se nao se estabeleceu a liga«ao ou a separac;ao entre os dados? o ato de estudar e urn ala 16gica, que exige uma consciencia e urn dominio dos processos intelectuais proprios a abordagem dos problemas. De imediato, as coisas ou as ideias surgem numa unidade confusa, indiferenciada, sincretica, que exige uma postu- ra de analise e sintese.
A analise e urn processo de decomposic;ao de urn todo em partes, visando separar os elementos de uma realidade complexa que pode ser tanto urn objeto individual ou uma ideia.
A analise nao e apenas uma operac;ao, e tambem urn metodo, nesse sentido a analise e uma divisao, parte de urn dado singular, para chegar aos principios gerais.
A sintese e urn processo de composic;ao dos elementos visan- do chegar a uma totalidade. Mas tambem e urn metodo que, par- tindo de urn todo, estabelece ordem entre os elementos chegando as ultimas conseqiiencias.
Embora a analise muitas vezes se oponha a sintese. elas devem em geral caminhar juntas, ja que uma complementa a outra. Se so se usa a analise ha 0 perigo de se perder a visao de conjunto. Se so se emprega a sintese, pode-se