O ato de comunicar
( O velho artesão de Petrolina mostra a seu filho como se faz uma carranca de barro. O menino pega um pouco de barro e tenta fazer o mesmo que viu fazer. O menino pergunta, o velho responde. O velho corrige, aprova, mostra. Meses depois, o menino leva para a feira seus primeiros trabalhos de artesão. ( A peça vai começar no teatro lotado. O ator maquila-se no camarim. A cortina se levanta. Cena trás cena, os atores dialogam no palco, a platéia pendente de suas palavras. O ator diz as linhas decoradas com tanta sinceridade e sentimento como se fossem próprias. O coração do público se comove e algumas pessoas choram na platéia. A peça termina com o estrepitar dos aplausos. ( O famoso locutor de rádio lê no microfone as noticias nacionais e internacionais. Concentra-se tanto no roteiro escrito, para não pular palavras, que não lembra que, nesse momento, mais de três milhões de pessoas o estão escutando. As notícias que divulga, porém, afetam as vidas de muitos ouvintes. O que há de comum nestas três situações: o artesão e seu filho, o ator e sua platéia, o locutor e seu público? O que há de comum é que todas as três são ATOS DE COMUNICAÇÃO. O que é, então, a comunicação? Há duas maneiras de definir o que é uma coisa: enumerar os elementos de que está composta ou indicar para que serve. Pode-se definir o automóvel, por exemplo, dizendo que é um conjunto formado por motor, carroçaria e rodas. Mas seria ainda melhor defini-lo como um veículo autopropulsado que serve para transportar pessoas e coisas de um lugar a outro. E para que serve a comunicação? Serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia. Sem a comunicação cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, idéias e sentimentos. Ao se relacionarem como seres interdependentes, influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a realidade onde estão