O aprendizado humano
O Aprendizado Humano
SAVATER,Fernando.O valor do educar. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Ser humano também é um dever moral, segundo Graham Greene, chegar a ser humano desse modo. E; se é um dever.
É curioso esse uso do adjetivo “humano”, que transforma em objetivo o que diríamos que é inevitável ponto de partida. Nascemos humanos, mas isso não basta: temos também que chegar a sê-lo.
Contudo há uma importante verdade antropológica insinuada nesse emprego da palavra “humano”: nós humanos nascemos já o sendo, mas só depois o somos totalmente. Embora não concedamos à noção de “humano”, nenhuma relevância moral especial, embora aceitemos que também são humanos, e até demasiado humanos, os assassinos,os estupradores brutais e os torturadores de crianças... continua sendo verdade que a humanidade plena não é simplesmente algo biológico.
Os outros seres vivos já nascem sendo o que definitivamente são, ao passo que de nós, humanos nascemos para a humanidade. É preciso nascer para humano, mas só chegamos a sê-lo plenamente quando os outros nos contagiam com sua humanidade e com a nossa cumplicidade. A condição humana é em parte espontaneidade natural, mas chegar a ser totalmente humano – seja humano bom ou humano mau – é sempre uma arte.
Os antropólogos chamam esse processo peculiar de neotenia. Essa palavra indicar que nós humanos nascemos cedo demais. Todos os nascimentos humanos são, de certo modo, prematuros: nascemos pequenos demais até para sermos filhotes.
Somos antes de tudo macacos de imitação, e é por meio da imitação que chegamos a ser algo mais do que macacos.
Os adultos humanos reclamam a atenção dos seus filhotes e encenam diante deles as maneiras da humanidade, para que as aprendam. De fato, por meio dos estímulos de prazer ou de dor, praticamente tudo na sociedade humana tem uma intenção decididamente pedagógica.
A distinção que conta entre o animal e o homem não é a que ocorre entre o físico e o mental, mas a ue há