o apego
Eu quase me senti viva, nas palavras tuas.
Tu me fizeste quase real.
Real, na verdade, mas
Por tão pouco tempo
Que não pude me materializar em você.
Então virei quase.
Eu fui uma das tuas personagens secretas,
Das tuas paixões, dos teus delírios,
Mais um dos seus substantivos, meu poeta.
Calor de uma noite inteira, e somente uma noite.
Ao despedir da lua, eu (te = redundância, pois tem o contigo) pedi um amanhecer contigo,
E tu (m)e tornaste folha... de papel amassado,
Em gaveta velha, hoje sujo, amarelado,
Com marca de traça e desapego,
Que fui a mais quente das tuas mulheres, E o mais frio dos poemas.
Num dia abriste meu mausoléu empoeirado,
Para jogar fora tudo que ali havia,
Conta de luz, recibo de padaria,
Onde eu, carta vazia,
Escrita e selada,
Nunca enviada,
Jazia triste, enfeitiçada,
Pela ilusão que um dia me faria...
Mas veja, a luz do dia, que, pela noite, eu pedia, (essas vírgulas são demais, não cabem aí)
E me negaste, caro poeta,
Agora a luz era minha.
Voei pela janela, e tu só lamentaste
Ter que sair ao quintal buscar o lixo
Que voando lhe fugiu às mãos;
E sabe a vizinha mais bela?
Pousei no colo dela,
Que ao ler minha autoria,
Por ti se apaixonou,
E fui leve e fagueira, pousar, então, no mar,
Onde sempre quis estar.
De mulher tornei-me poesia,
De poesia tornei-me quase,
De quase tornei-me folha
E de folha tornei-me ave que tornou-se em mar. (talvez apenas ‘que virou mar’)
Cada letra, cada palavra,
Tua dor, tua mágoa,
Subiu aos mais altos céus, como água.
Tornou como nuvem ligeira, (exagero de vírgula) e,
Sabe a colina onde tu me amaste,
Na noite que me criaste,
(E) Em puro desejo ardente me escreveste, (essa vírgula também parece demais aqui)
No mais rubro entardecer?
Pois bem, foi lá que escolhi,
De cima dos céus olhei, e quase vi,
Novamente deitados,
E de tristeza,
Sua, (acho que em vez da vírgula ficaria melhor reticências, dá