O AMBIENTE ESTUARINO E DE MANGUEZAL
Denomina-se estuário à área de transição entre o ambiente de água doce e o marinho, onde a mistura das massas d’água, de densidades diferentes, gera um ambiente marcado por grande variação dos parâmetros físicos e químicos. O estudo destes ecótonos possibilita compreender as adaptações morfo-fisiológicas conquistadas por alguns organismos, no decorrer da evolução, para ocupar estes ambientes e assegurar sua sobrevivência às suas condições de instabilidade. As reduzidas biodiversidades, vegetal e animal, em tais áreas, corroboram esta afirmação.
Os estuários apresentam uma cobertura vegetal de aspecto peculiar. A zonação e o desenvolvimento estrutural da cobertura vegetal são condicionados pela pluviometria, granulometria do sedimento, temperatura e hidrodinâmica do fluxo de água continental (rio) e da salgada (estuário e mar).
O fenômeno das marés apresenta grande influência sobre a composição e distribuição dos organismos nas áreas de manguezal, enquanto seu aspecto cíclico é um dos agentes reguladores da dispersão de sementes vegetais e das larvas de muitas espécies.
Os manguezais brasileiros, como outros do novo mundo, são caracterizados por apresentar não mais do que cinco espécies vegetais, embora isto seja dependente de quais espécies são consideradas típicas de mangue. De acordo com Oliveira (1984), entre as espécies vegetais consideradas facultativas, no ambiente de manguezal destacam-se, Hibiscus pernambucensis Bertol. e Achrostichum aureum L., que se distribuem numa zona de transição entre o ambiente de manguezal e outro vizinho (restinga ou pântano). Três gêneros de angiospermas são tidas como obrigatórias, em um manguezal brasileiro típico: Rhizophora, Avicennia e Laguncularia.
O gênero Laguncularia é representado por uma única espécie em toda a costa brasileira: L. racemosa (L.) Gaert. O gênero Rhizophora é representado por duas espécies R. racemosa Meyer, na maior parte dos manguezais do litoral brasileiro, e R.