O 18 Brum Rio De Lu S Bonaparte
Ao acompanhar o golpe de Estado que levou NapoleãoIII ao poder, na França do século 19, o alemão KarlMarx chegou a uma perturbadora conclusão: a históriaacontece como tragédia e se repete como farsa
Cássio Starling Carlos | 01/05/2006 00h00
Como uma obra se torna um clássico? No caso dos livros de história, alguns são elevados a essa categoria porque trazem uma pesquisa de fôlego e uma descrição reveladora da realidade. Outros viram referência porque, além da força da análise, criam um método novo e revolucionário para a compreensão da história. O 18 Brumário de Luís Bonaparte pertence ao segundo tipo. Seu autor é o alemão Karl Marx, filósofo, sociólogo, historiador e economista que nasceu na cidade de Trier, em 1818, e ficou eternizado como o grande teórico do comunismo.
Publicado em 1852, o texto descreve um golpe de Estado recém-ocorrido na França. Carlos Luís Napoleão Bonaparte, eleito presidente do país em 1848, resolveu impor uma ditadura três anos depois. A data escolhida para o golpe foi 2 de dezembro de 1851, aniversário de 47 anos da coroação de seu tio, o general e estadista Napoleão Bonaparte, como imperador da França. Essa repetição de Napoleões no poder inspirou Marx a formular a célebre frase com que abre seu texto, citando outro importante filósofo alemão: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
A ironia de Marx está presente até no título do livro. Anos antes de se tornar imperador, o primeiro Napoleão também havia dado um golpe de Estado, em 9 de novembro de 1799, com o qual se tornou cônsul da França. No curioso calendário que o país havia adotado após a revolução de 1789, essa data correspondia ao dia 18 do mês de brumário. Ao chamar a obra de O 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx indica que