N O Vou Escrever Os N Meros Do 1 Ao 500
Era o que eu julgava que ia ouvir quando pedi ao Francisco (7 anos, 2º ano) para escrever os números. Expliquei-lhe que era um trabalho de casa que a professora mandou e começou a fazer. Pedi-lhe para quando estivesse farto escrevesse na folha e fosse ter comigo.
Escreveu até ao 42, mas demorou imenso tempo… distraía-se facilmente.
Porém o que me preocupou mais não foi ele ter escrito os números sem se ter queixado, foi as perguntas que lhe fiz a seguir: O que sentiste quando soubesse o TPC? Senti que não conseguia hoje! O que achas deste TPC? Vais aprender alguma coisa a escrever os números? Achei difícil! Não vou aprender! Já sei contar até 1 trilião, por favor! O que achas dos TPC? Gostas de fazer? Por um lado sim, por outro não! O sim porque gostava de mostrar aos meus amigos, o não porque dá tanto trabalho. Se fosses professor mandavas TPC? Sim, para eles conseguirem passar nos testes. Os TPC são para treinar.
No final da conversa ele diz-me: Dá trabalho mas compensa no futuro! Porque depois da escola vou poder realizar o meu trabalho de sonho!
A mim faz-me muita confusão como as crianças já estão tão programadas, como a mente do Francisco já está alterada, igual à dos pais. “Trabalhos de casa para ter o meu trabalho de sonho.”
Será que os trabalhos de casa são realmente um bom método de aprendizagem? O sistema de ensino atual diz que sim… Obviamente não é um sistema bom, pois é um ensino direcionado para a política e para a economia. O que importa é ter futuros trabalhadores, que façam dinheiro para o país.
Logo que uma criança entra na escola são lhe impostas regras, normas que são contra a sua natureza: “todos calados, sentados e sem risota!”. Uma criança tem que brincar, tem que dar asas à imaginação, tem que fazer barulho!
Será que com trabalhos chatos e repetitivos elas vão aprender? Será que o taylorismo resulta com as crianças? Claro que não! Se