E há poetas que são artistas
E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!
...
Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está! ...
Quando a única casa certa é a
Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.
Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem não pensa. E olho para as flores e sorrio... Não sei se elas me compreendem Nem se eu as compreendo a elas, Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao colo pelas estações contentes E deixar que o vento cante para adormecermos,
E não termos sonhos no nosso sono. “Que triste não saber florir!”(v.4)
“(…) casa certa é a Terra (…)(v.7) e
“(…) viver pela Terra (…)(v.15)
“E olho para as flores e sorrio..”(v.10)
“E levar ao solo pelas estações contentes”(v.16)
“E deixar que o vento cante (…)(v.17)
Traços da poética de Alberto Caeiro presentes no poema
“E levar ao colo pelas estações contentes / E deixar que o vento cante para adormecermos” (vv. 16 e 17)
Sensacionismo
“Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira.” (v.
9); “E não termo sonhos no nosso sono.” (v. 18)
Antimetafísica
“E olho para as flores e sorrio… (v.
10)
Objetivismo
“Que triste não saber florir!” (v. 4)
Espontaneidade
“Mas sei que a verdade está nelas e em mim / E na nossa comum divindade” (vv. 13 de 14)
“Mas sei que a verdade está nelas e em mim” (v. 13), “De nos deixarmos ir e viver pela Terra / E levar ao colo pelas estações contentes” (vv. 15 e 16), “E não termos sonhos no nosso sono.” (v. 18)
Paganismo e o
Panteísmo
Misticismo