Dialogando com a Psiquiatria das Fobias à Síndrome do Pânico
Ana Maria Sigal Rosenberg
Diz-se que na Síndrome do Pânico não existe causa alguma que detone a crise. Entretanto, seguindo o modelo de entrevista psicanalítica, numa escuta minuciosa, e acompanhando os modos de operar do inconsciente, começam a se tornar visíveis certas situações fantasmáticas inconscientes; são estas que originam as cadeias associativas que por sua vez encobre a situação de origem.
Ana Maria Sigal Rosenberg é psicanalista membro do Departamento de Psicanálise do Instituto "Sedes Sapientiae" - Professora do Curso de Psicanálise, autora e organizadora do livro O Lugar dos Pais na Psicanálise de Crianças, São Paulo, Escuta,1994
Este artigo foi elaborado para uma conferencia no Centro de Psiquiatria Dinâmica .
Quando começou a circular nos meios psiquiátricos a conceitualização de uma nova doença que se convencionou chamar de síndrome do pânico, surgiu um especial interesse na procura das características desta nova constelação sintomática, que tanto se diferenciava da nosografia conhecida.
Tive oportunidade de trabalhar clinicamente com pacientes profundamente afetados por situações de medo, que se manifestava freqüente ou esporadicamente, e que, por alguns momentos, acabava por se configurar em pânico. E quanto mais a mídia investia na difusão desta nova doença, a "síndrome do pânico", mais pacientes se viam no consultório e em supervisões com tal síndrome. Os próprios pacientes se diagnosticavam, em função das características que haviam ouvido sobre a doença. Antes, os pacientes chegavam falando de suas dificuldades, ansiedades e medos, relacionados ou não com as causas existentes. Decorrido certo tempo, já não era mais possível saber o que sentiam ou pensavam; apresentavam-se com um diagnóstico já definido: "Síndrome do Pânico" e o tratamento já estabelecido: medicação.
Simultaneamente, os laboratórios começaram a minar nossa capacidade de reflexão crítica mediante