D. sebastião - mensagem
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Enquadramento na Obra
A Mensagem é uma obra épica, mítica e simbólica que pretende enaltecer o potencial espiritual do povo português e elogiar a loucura, o sonho e a imaginação. Além de elogiar o português dinâmico, empreendedor, que desvenda e domina os mundos, elogia também o homem insatisfeito em cujas veias corre o desejo de Absoluto, de sublime.
O poema “D. Sebastião” insere-se na 1ª parte desta obra, denominada por Brazão. Simbolicamente, é feita referência à edificação do reino, desde a mítica fundação da cidade de Lisboa à consolidação da nacionalidade, bem como à construção da identidade. Nesta 1ª parte “são-nos apresentadas as pedras basilares da nossa nacionalidade: os heróis e os mártires que, agindo já sob orientação e por impulso divino, preparam o país para as grandes realizações para que Portugal estava predestinado”. Na Mensagem, o herói mitificado não é o final do percurso, como n’Os Lusíadas, mas um ponto de partida. Ulisses, Viriato, D. Dinis, o Infante D. Henrique e D. Sebastião são exemplos de heróis que deixaram em nós, povo português, as sementes do heroísmo passado que florescerão no futuro, na conquista de quem somos e no cumprimento de Portugal. Foram eles que nos deixaram nos genes a capacidade de sonhar e a vontade de lutar que nos permitirão ir mais longe, cumprindo o nosso destino. Em consonância com o que foi dito anteriormente, D. Sebastião é o chefe dos bravos, o arquétipo do português ambicioso que quer conquistar novas terras para engrandecer a Nação.
Análise
Estrutura Interna
No nosso entender, o poema poderá dividir-se em duas partes. A primeira corresponderia à 1ª estrofe, e a segunda parte à