No capítulo VI do livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro” intitulado “ensinar a compreensão”, Edgar Morina (2002) discute um problema que, segundo ele, tornou-se primordial para os humanos: A compreensão. Não a compreensão intelectual, objetiva, que passa pela inteligibilidade, pela explicação, mas a compreensão humana, subjetiva, que vai além da explicação, que comporta o conhecimento de sujeito a sujeito e na qual o outro não é percebido apenas objetivamente, mas como sujeito com o qual nos identificamos, num processo de empatia, identificação e projeção. Esta é, para ele, a missão propriamente espiritual da educação: Ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade, posicionamento com o qual concordo plenamente! Está cada vez mais facilitada a comunicação entre as pessoas, o que deveria ser um fator de compreensão mútua pela aproximação, porém a incompreensão e o egocentrismo parecem sufocar as relações interpessoais: Estamos abertos para determinadas pessoas (as mais próximas, os parentes e amigos) e fechados para as demais, o que leva, por exemplo, os pais a uma “super compreensão” dos filhos, não lhes impondo limites, deixando em falta uma educação de valores por “compreender demais”, enquanto pode um professor não compreender um aluno em suas necessidades sociais e/ou intelectuais, mantendo com ele uma relação apenas racional, mediada pelas regras de uma instituição de ensino. Este racionalismo, que ignora os seres, a subjetividade, a afetividade e a vida é totalmente irracional. Por outro lado, existe entre nós certa inclinação para a impossibilidade de compreensão de outra visão de mundo, que não a nossa, outra estrutura mental, dos ritos e costumes de outros. Para Morin, é esse egocentrismo que cultiva a autojustificação, a autoglorificação, a tendência a jogar sobre outrem a causa de todos os males, a tendência a mascarar as próprias carências e