A m dia como produto da modernidade
Antes do desenvolvimento da imprensa na Europa no final da idade média e do começo da idade moderna, o intercâmbio de informações e de conteúdo simbólico era, para a maioria das pessoas, um processo que ocorria exclusivamente no contexto da interação face a face. Mas com o surgimento da indústria tipográfica na Europa nos séculos XV e XVI e com o desenvolvimento dos vários tipos de mídia eletrônica nos séc. XIX e XX o “conjunto de interação” da vida social mudou. Essa é a chave para compreender o impacto social de longo prazo da mídia. Cada vez mais as pessoas têm acesso àquilo que poderíamos chamar de “conhecimento não local” que elas incorporam reflexivamente em seu processo de autoformação. As tradições não são destruídas, mas ficam cada vez mais entrelaçadas com as formas mediadas de interação, e o desenvolvimento da mídia cria novos campos de ação e interação que envolve formas características de visibilidade.
Nos últimos 50 anos, consolidou-se no Brasil uma moderna indústria da comunicação de massas, que é o principal veículo de informação (e entretenimento) de dezenas de milhões de pessoas. Além do impacto cumulativo a longo prazo sobre as representações de mundo de seus consumidores, a mídia foi partícipe direta e importante de episódios de nossa história política. A mídia, categoria ampla e em permanente mutação, que inclui a TV aberta e por assinatura, rádio, jornais, revistas, cinema, indústria fonográfica, internet etc, tornou-se parte integrante da vida dos homens e mulheres contemporâneos ¾ e é um de seus companheiros mais freqüentes. Dados relativos aos Estados Unidos dizem que, em média, cada adulto dedica quase seis horas e meia diárias de atenção à mídia, contra cerca de 14 minutos para a interação interpessoal familiar. No mundo todo, nas sociedades urbanas, o consumo de mídia é uma das duas maiores categorias de atividade, atrás apenas do trabalho. Mas o dispêndio de tempo no trabalho está em declínio, enquanto que, para a