A visão liberal de homem e a meritocracia no filme Madame Satã
Bock (2000) apresenta o lendário barão das histórias alemãs como referência a ideia de homem liberal, auto-suficiente e dono do seu destino. Esta visão implica numa forma de pensamento meritocrático e homogêneo, uma vez que privilegia os mais poderosos que têm o mérito de ter “vencido na vida”.
Além disso, aceitar a lógica da formação liberal de homem significa acreditar que existe uma essência humana que é influenciada pelo meio e assim se desenvolve, isso acarreta em uma naturalização do desenvolvimento humano. Infelizmente essa visão permeia tanto o senso comum quanto as academias cientificas, Bock (2000) inclusive as cita como “dominantes em nossa sociedade”, e as consequências deste forma de conceber o ser humano acarreta consequências graves.
Uma delas é o individualismo, Ana Bock (2000) aponta que essa forma de pensar é subjacente ao liberalismo, o individualista acredita que os homens têm propriedades universais que se desenvolvem se acordo com aquilo que o indivíduo escolhe dedicar-se. Dessa forma o sucesso ou o fracasso é, unicamente, culpa do indivíduo, e como está ocupado construindo a sua vida, não condiz se preocupar com o outro.
Historicamente essa forma de pensar surge relacionada com a ascensão da burguesia e o início da nova organização do trabalho e do consumo, o capitalismo (BOCK, 2000). Logo essa ideia se difundiu e a individualidade ganhou papel central na vida do homem moderno.
Na psicologia a visão liberal apresenta varias implicações que podem nortear a forma de trabalho de um profissional que compactue com tais idéias. Talvez a principal delas é a compreensão do fenômeno psicológico, Bock (2000) elucida que os liberalistas vêm os fenômenos psicológicos de forma abstrata e naturalizaste, algo próprio da espécie que a torna única. Isto implica em afirmar que todos têm a mesma capacidade, e que se há uma falha o culpado é o individuo, pois ele não procurou desenvolver-se adequadamente.