A violência no interior
Em dez anos, de 1997 a 2007, os assassinatos no interior do País aumentaram 37,1%, enquanto nas grandes cidades e regiões metropolitanas a queda foi de 19,8% e 25%, respectivamente, conforme dados do Mapa da Violência - Anatomia dos Homicídios no Brasil, realizado pelo Instituto Sangari. Na tentativa de descobrir o porquê dessa mudança, o iG conversou com especialistas em segurança pública de diversos institutos e todos foram unânimes em uma questão: “a presença do Estado e da polícia no interior é mais frágil que na capital”. Ali, dizem, o medo dos criminosos é menor.
“Os investimentos em segurança publica são feitos pelos Estados e, como as capitais sempre foram os maiores problemas, tenderam a se concentrar ali. Agora, o interior vive o reflexo dessa política de 10 anos”, considera Marina Menezes, coordenadora de projetos de segurança pública do Instituto das Nações Unidas para a Prevenção de Delitos e do Deliquente (Ilanud).
Para o sociólogo e pesquisador da violência da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Naldson Ramos da Costa, “o crime organizado escolhe o interior devido à precariedade dos órgãos de segurança”. “Posso dizer que aqui nas regiões metropolitanas do Mato Grosso está concetrado 60% dos efetivos policiais”, afirma. No interior, diz ele, “espera-se o crime acontecer para registrá-lo e dizer a autoria”. “Não há tanto medo do criminoso porque a possibilidade de fugir é muito grande, já que os recursos para a investigação são menores”, afirma.
De acordo com os especialistas, apesar de não ser possível dizer que está acontecendo uma migração da violência para o interior, o aumento registrado nestas regiões é um alerta preocupante. No Estado de São Paulo, especificamente, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os homicídios nas cidades do interior cresceram 3,2%. Em 2009, foram 538 casos contra 521, em 2008.
Para os pesquisadores, algumas cidades do interior tiveram crescimento desordenado e os