A Verdade Santo Anselmo
A VERDADE
Tradução do PROF. DR. Ruy AFONSO da COSTA NUNES
PREFÁCIO
Elaborei outrora em tempos diversos três tratados referentes ao estudo da Sagrada
Escritura, semelhantes pelo fato de terem sido compostos na forma de interrogação e resposta, sendo a pessoa que pergunta indicada pelo nome de discípulo, enquanto a de quem responde, pelo nome de mestre.
Na verdade, publiquei de modo semelhante um quarto tratado que julgo não ser inútil aos que se iniciam na dialética e cujo princípio é a obra Sobre o Gramático, mas não quero contá-lo junto com estes, visto que pertence a um estudo diferente desses três tratados. Um deles é o Sobre a Verdade, isto é, o que é a verdade, em que coisas se costuma dizer que ela existe, e o que é a justiça. O segundo tratado é o Sobre a Liberdade do Arbítrio, o que ela é, e se o homem sempre a possui, e quais são as suas diferenças em quem possui ou não possui a retidão da vontade para cuja conservação ela foi outorgada à criatura racional. Nele mostrei apenas a força natural da vontade necessária para conservar a retidão recebida, mas não indiquei quão necessário é para isso mesmo que a graça acompanhe a força da vontade. O terceiro tratado versa sobre a questão em que se investiga em que pecou o diabo, que não permaneceu na verdade, uma vez que Deus não lhe concedeu a perseverança que ele não podia ter a não ser que Deus a desse, portanto, se Deus a tivesse dado, ele a teria conservado, tal como os anjos bons a possuíram porque Deus a concedeu a eles. Intitulei esse tratado Sobre a Queda do
Diabo, embora aí eu tenha falado sobre a confirmação dos anjos bons. Na verdade, foi incidentalmente que eu falei dos anjos bons, pois o que escrevi sobre os maus era o objetivo da questão. Certamente, embora esses tratados não concordem por nenhuma continuação da composição, a sua matéria e a semelhança da discussão exigem que sejam compostos ao mesmo tempo naquela ordem em que os mencionei. Quero ordenálos, contudo, do