A sociologia rural na américa latina
Maria de Nazareth Baudel Wanderley1
I. O legadO da hIstórIa.
Boa Noite a todos os colegas aqui presentes. Gostaria de expressar, emocionada, meu mais vivo agradecimento pelo convite que me foi feito para pronunciar esta
Conferência de Abertura do viii Congresso da alasru. Minhas saudações, à Presidente Sonia Bergamasco, na pessoa de quem saúdo todos os membros da Diretoria da alasru e do Comitê Organizador Local do Congresso.
Somos todos, certamente, de acordo, para reconhecer que o “rural” não é uma essência, a-histórica, que deva ser reconhecida indistintamente, em todos os lugares e todos os tempos. Por esta razão, para refletir sobre o mundo rural na América Latina, organizo minha intervenção em torno da relação espaço-tempo, considerando três inflexões intercomunicantes: o passado, que constitui o legado da história; o presente, percebido através do debate da sociologia rural contemporânea; e o futuro, livremente imaginado como uma utopia.
Devo, portanto, inicialmente, explicitar para todos vocês o lugar de onde estou falando. Falo do “meu canto do mundo”. (bachelard, 2003, p. 250).
Estamos num lugar de grande densidade histórica. Em brilhante pesquisa, o historiador mexicano Guilhermo Palacios (Palacios, 1998) nos revela que começou aqui, nesta região, quando ela ainda merecia o nome de Zona da Mata (Mata Atlântica), a luta dos camponeses brasileiros, para construir um espaço de vida e de trabalho, como cultivadores pobres livres, resistindo fortemente às tentativas de subordinação dos senhores plantadores de cana. Daqui partiram muitos deles, na direção do sertão, onde foram protagonistas de resistências heróicas, tais como as
Guerras de Canudos.
Seguindo a direção Sul, já no Estado de Alagoas, não estamos distantes do local onde existiu o Quilombo dos Palmares, o mais importante reduto de resistência dos escravos, bem como, desta vez