A Sociologia no Brasil
Não se pode conceber o exato momento em que a Sociologia surgiu no Brasil, pois a inserção dessa nova ciência ocorreu de forma gradual e por vezes de forma inconsciente. A vinda da Sociologia ao Brasil está ligada às transformações sócios-políticas ocorridas na Europa. O desenvolvimento, consolidação e reconhecimento do capitalismo como sistema econômico – no caso, em sua fase monopolista –, a ascenção da burguesia nas classes sociais, o processo de urbanização brasileiro e a Europa como referência cultural e intelectual fez com que a Sociologia chegasse ao Brasil.
Os primeiros pensadores brasileiros nessa área não foram propriamente sociólogos, mas deixaram sua marca nos estudos da sociedade brasileira. Os Sertões, de Euclides da Cunha e os livros de Aluísio de Azevedo, notadamente o Cortiço, são obras que abordam diretamente a questão social no Brasil. A referência de pensadores europeus nessas obras é clara; no romance O Cortiço, Aluísio de Azevedo, o determinismo do meio é exarcebado na trama que se desenvolve em torno de um conjunto de habitações no Rio de Janeiro, onde personagens de diferentes origens e personalidades acabam assemelhando-se tanto em virtudes como em vícios em pura e única razão do meio em que vivem.
Esse período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial poderia ser considerado a origem do pensamento sociológico no Brasil, embora ainda sem definição, propósito e objetivo claros. Ainda assim, as condições existentes no período seriam cruciais para o florescimento de teóricos que, anos depois, focalizariam seus estudos com o foco na Sociologia, mesmo sem formação científica.