Apesar da existência de importantes balanços bibliográficos a respeito da sociologia do trabalho no Brasil enfocando vários períodos da formação e do desenvolvimento desse conhecimento, ainda falta em nossa literatura um estudo da evolução dos distintos programas de pesquisa acerca do mundo do trabalho brasileiro capaz de articulá-los às diferentes práticas - profissional, para políticas públicas, crítica e pública - existentes em nosso campo disciplinar. Trata-se de uma das principais contribuições da teoria da divisão do trabalho sociológico que fundamenta a proposta da "sociologia pública" de Michael Burawoy. No intuito de analisar a relação entre os programas e as práticas sociológicas, partiremos da hipótese segundo a qual a sociologia do trabalho brasileira foi marcada, em seus primórdios, pela busca de profissionalização (1950/1960); posteriormente, desenvolveu um forte sentido crítico e engajamento público, servindo para conformar certas identidades sociais (1970/1980); por fim, teria derivado para uma sociologia para as políticas públicas (1990/2000). Além disso, pretendemos perscrutar a influência da sociologia profissional estadunidense do trabalho e das organizações sobre as origens da sociologia profissional brasileira e analisar o impacto produzido nas décadas de 1970 e 1980 pela obra de Harry Braverman, assim como do debate subseqüente, sobre a sociologia pública do trabalho no país. Finalmente, buscaremos comparar a evolução contemporânea da sociologia do trabalho no Brasil, orientando-se durante a década de 1990 e início dos anos 2000 no sentido da formulação, da implementação e da análise de políticas públicas, com as metamorfoses do programa investigativo da sociologia do trabalho estadunidense. Isto nos permitirá avaliar a singularidade da evolução contemporânea de nossa própria sociologia do trabalho por meio da comparação com um programa investigativo que, através de um habitus sociológico caracterizado pelo engajamento com o "novo