A saúde e doença e as profissões de saúde em moçambique
A Saúde e a Doença e as profissões de Saúde em Moçambique
Desde os tempos mais longínquos, que as sociedades têm entendido a saúde e a doença através de representações sobre a natureza, as funções e a estrutura do corpo, as relações corpo-espírito bem como as relações indivíduo-ambiente. A saúde e doença não são condições estáveis porque estão ambos sujeitos a constante avaliação e mudança, tendo tido diferentes significações ao longo dos tempos e conforme as sociedades, ou dito de outra forma: “…não é uma qualidade absoluta. Tem valor que lhe é conferido pela cultura da sociedade” 1. O modelo de saúde predominante nas sociedades modernas é um modelo mecanicista – o biomédico, usado por médicos no diagnóstico de doenças cujo foco sobre os processos físicos, tais como a patologia, a bioquímica e a fisiologia de uma doença, não leva em conta o papel dos fatores sociais ou subjetividade individual. Porém, já se vai percebendo alguma flexibilidade do conceito de saúde quando se lê a definição da OMS “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”2. Temos assim que se nas sociedades tradicionais e pré-modernas, ter saúde ou estar doente é resultado da dinâmica de crenças e valores mágico-religiosos, tais como o sagrado, o profano, o pecado e a pureza cujos desequilíbrios são mediados pela ação ou influência de feiticeiros e padres, já nas sociedades modernas esses valores são independentes dos valores religiosos dos indivíduos.
Contudo, estas duas conceções não são estanques no sentido em que existem sociedades que apresentam ambas as perspetivas, que aliás se cruzam e interpenetram, como é o caso de Moçambique. Moçambique é um país com uma matriz sociocultural extremamente complexa, à qual o legado colonial português não é indiferente, atravessada por relações políticas e económicas de desigualdade onde convivem diferentes formas de conhecimento e praticas médicas nativas/biomédicas,