a saude publica no brasil durante a primeira republica
República Velha e depois... A abordagem sobre o movimento sanitarista tornou-se um importante marco para as Ciências Sociais, pois nos faz refletir sobre o “processo civilizador” de construção do Estado Nacional Brasileiro e sua relação com os demais movimentos sociais. Neste artigo, pretendemos discutir o papel da atuação do movimento médico-sanitarista no processo de construção nacional, assim como os efeitos de suas idéias na mudança da relação entre Estado e Sociedade, pois entendemos que tal movimento representou um dos canais mais importantes na República Velha para o projeto ideológico de construção da nacionalidade (CASTRO SANTOS, 1985: p.194).
Na Primeira República (1889-1930), surgiram vários movimentos de caráter nacionalista, com intuito de encontrar caminhos para a recuperação e/ou fundação da nacionalidade. Um deles foi a Liga Pró-Saneamento do Brasil fundada em 1918, que contribuiu para a discussão dos problemas nacionais e teve impactos significativos na sociedade brasileira, pois pretendia alertar as elites políticas, intelectuais e econômicas para a precariedade das condições sanitárias e obter apoio para uma ação de saneamento do interior do país. Pode-se afirmar que há dois períodos fundamentais para o movimento sanitário: o primeiro é caracterizado pela fase urbana (1903-1909), concentrado no Distrito Federal e nos portos; o segundo, entre as décadas de 1910 e 1920, com ênfase de atuação no espaço rural e nas áreas do interior do país. É a partir deste segundo movimento que abordaremos o papel do movimento sanitário na construção do Estado Brasileiro e a atuação do movimento sanitário no campo político e social.
O médico Miguel Pereira retratava o Brasil como um imenso hospital, em que se poderia perceber a dramaticidade de um quadro social de pânico dominado pelas doenças e pelo total abandono do interior do Brasil. A confirmação deste quadro tornou-se o marco para as campanhas de