A Revolução do Haiti
O Haiti, primeira colônia da América Latina a se tornar independente e a libertar seus escravos através de uma revolução, apresenta uma história bastante turbulenta. O objetivo desse trabalho é analisar os conflitos que assolaram o país desde o período da Revolução, destacando os motivos pelos quais esse país não alcançou um desenvolvimento pleno após sua independência, caindo novamente nas mãos de outros países controladores de sua economia.
Dessa maneira, o foco do estudo se dará na compreensão da crise que assolou o país no século XIX, buscando suas raízes na Revolução e prosseguindo na criação de um projeto nacional dificultado pelas disputas raciais internas e pela intervenção internacional. Como explicar que uma das colônias mais produtiva das Américas e a primeira a conquistar a liberdade de seu povo tenha se tornado o país mais pobre do continente e talvez um dos mais pobres do mundo?
Os primeiros anos de colonização
O Haiti, nesse período denominado São Domingos, foi colonizado por espanhóis que realizaram a exploração do ouro como primeira atividade econômica. A mão-de-obra utilizada para execução dessas atividades era a indígena, posteriormente substituída pela escrava, após dizimação da primeira pela ação predatória do empreendimento espanhol.
A partir do século XVII, São Domingos passa a ser controlado pela França, após ser cedido pela Espanha como consequência da derrota militar desse país na guerra européia, tornando-se uma das colônias mais ricas do Ocidente com a comercialização do açúcar.
Nesse período, o país, com uma população de 90% de escravos, trabalha ininterruptamente produzindo grande riqueza para sua metrópole. Nas palavras de Cyril Lionel Robert James,
“(...) nenhuma parte da superfície do globo produziu, em proporção com as suas dimensões, tanta riqueza quanto a colônia de São Domingos.
E seria a sua própria prosperidade o que a levaria à revolução.” (JAMES, 2000. p.