A Religião Moderna
Segundo Gusmão (1967:203), as manifestações religiosas ligam-se ao sentido do sagrado. Nesse sentido, as instituições religiosas prescrevem códigos éticos destinados “a pautar a conduta dos indivíduos para obterem um prêmio depois da morte dado por uma divindade ou por um ser sobrenatural”. Assim, são as religiões que estabelecem as “relações entre homens e as divindades”, por meio de um “conjunto de cerimoniais e práticas destinados a satisfazer à vontade de divindades ou de invoca-las.” Daí elas serem constituídas “por uma série de valores sagrados expressos em um credo, objetivados pelos veículos do culto e socializados por uma conduta que se adapta às normas religiosas que unem os membros dentro de um mesmo grupo religioso”
Lakatos (1990:179), ao conceitua-las à luz da Sociologia, define que essa ciência não se interessa em responder às indagações sobre a veracidade ou não das manifestações religiosas, preocupando-se em analisa-las “como fenômeno social que pode ser encontrado em todas as sociedades, a despeito de ser, entre todas as instituições existentes nas sociedades humanas, a única que não se baseia apenas em necessidades físicas do homem”. Fundamentando em Johnson, para o qual o sobrenatural é “qualquer coisa em cuja existência se acredita, baseando-se em provas não fundamentadas pela ciência”, uma vez que as “ideias religiosas não são científicas”. Nesse sentido, ela parte de Durkheim que define a religião como sendo “um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, a coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem numa comunidade moral única todos os que as adotam”.
A contribuição de Durkheim para o estudo sistemático da religião foi fundamental para a Sociologia, uma vez que outras de suas vertentes teóricas relegaram o estudo dessas manifestações para um plano secundário, a despeito do conjunto complexo de reflexões que algumas linhas de estudo da Antropologia vêm realizando