A relação entre razão e sensibilidade na determinação da vontade.
No homem, diferentemente dos animais, temos ambos sentido e razão em constante interação. Assim sendo, em sua essência o homem se constitui como um ser ambivalente,com sua natureza cindida entre o sensível e o racional.
Da oposição entre razão e sensibilidade, Kant afirma que do homem emergem três classes de disposições originarias: a disposição para animalidade, a disposição para a humanidade e sua disposição para sua personalidade, como ser racional e conseguinte, suscetível de imputação.
Toda ação originada da animalidade é proveniente de três objetivos: a conservação de si próprio, a propagação da espécie por meio do impulso sexual e, por fim, em vista da instituição de uma comunidade por meio do impulso a sociedade. E dessas disposições podem surgir os vícios, os quais Kant define como bestiais, como a gula, a luxuria e a selvagem ausência de lei para com outros homens.
A disposição para a humanidade se refere ao amor de si posto como fundamento da vontade, cujo efeito da ação visa obter para o homem um valor maior na opinião dos outros. Dessa espécie de disposição resulta os vícios da cultura também denominados vícios diabólicos, que se refletem, por exemplo, na inveja, na ingratidão e na alegria malvada.
Por fim, encontramos no homem a disposição para a personalidade que nada mais é senão “a susceptibilidade da reverência pela lei moral como de um móbil, por si mesmo suficiente do arbítrio”.
É no caráter contraditório das disposições naturais que o homem se vê impossibilitado de alcançar a felicidade. Entretanto, todos os tormentos produzidos pela espécie humana, seja mediante a opressão do domínio, seja pela barbárie da guerra, entre outros, são necessários para o desenvolvimento das disposições naturais intrínsecas ao homem, porque se por um lado todos estes tormentos se originam na contradição dessas disposições, por outro se estes tormentos não surgissem, seria um sinal de