A reinserção social e os egressos do sistema prisional
Armando de Azevedo Caldeira Pires
Professor da Universidade de Brasília (UnB), Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Mecânica. Doutorado em engenharia mecânica. E-mail: armandop@unb.br
INTRODUÇÃO O que mais discutimos na nossa sociedade atualmente é a questão da violência que assola o país. Nos jornais impressos ou nas televisões e rádios, a todo momento temos notícias das mais diversas atrocidades que ocorrem com freqüência cada vez mais aterradora. A “gratuidade” da violência é tamanha que alguns chegam a ficar anestesiados, a ponto de as novas informações já não os chocarem mais. Os índices de violência em algumas capitais do Brasil já superam inacreditavelmente os índices de alguns países em guerra. Segundo Ângela Almeida1, “diante de uma violência difusa, que permeia todo o tecido social, todos se sentem igualmente ameaçados, porque a violência assume um caráter de imprevisibilidade. Indiferente à forma que possa assumir, ao lugar onde possa ocorrer, a quem possa se dirigir ou quem possa praticála, a violência impõe-se como um ingrediente que orienta as práticas sociais do cotidiano, estas últimas orquestradas pela perplexidade e afinadas pelo medo e pela insegurança.” São cada vez mais raros os cidadãos que não têm um relato pessoal de sofrimento de qualquer tipo e/ou nível de violência. Ela atinge nossos colegas de trabalho, nossos vizinhos, nossos amigos, nossos familiares e até nós mesmos. Neste contexto, o Estado tem a obrigação e seu papel prioritário de garantir, com recursos dos impostos, a manutenção do aparato de segurança pública. Mas a questão da qualidade de vida nas nossas cidades e da sensação individual de segurança passa por atitudes individuais e coletivas de toda a sociedade, seja governo, instituições de ensino, de saúde, sociedade civil, iniciativa privada, organizações nãogovernamentais e