A RECONSTRUÇÃO DA IMAGEM FEMININA EM MADEMOISELLE CINEMA
Aurelino Silva da Conceição
BENJAMIM COSTALLAT
O romance Mademoiselle Cinema (1923)
Mademoiselle Cinema, que na verdade era uma versão brasileira do grande sucesso francês La garçonne, de V. Marguerite, viveu plenamente, aos seus dezessete anos, todos os seus desejos e caprichos sexuais. Na narrativa, essa menina com ares de garoto possuía cabelos curtos, seios miúdos, “quase imperceptíveis”, e cigarro na boca. Seu comportamento sem limites deixou-a, como enfatizou o autor, “viciada”, “corrompida” e “gasta” (Costallat, 1999:55). No entanto, esse mal, decorrente do desleixo e da educação deficiente oferecida por seus pais, ressaltado inúmeras vezes no decorrer do romance, poderia, segundo o narrador, ser superado. Afinal, Mademoiselle Cinema era uma menina rica, branca e advinda de uma camada social bastante privilegiada. (El FARL, 2007, p. 304).
A mulher nos anos de 1920
Nosso objetivo:
A proposta deste artigo é analisar como é reconstruída a imagem da personagem feminina no romance de Benjamim Costallat.
O método utilizado partiu das considerações da sociologia da literatura ou sociocrítica
Enfocou-se que Costallat almejou atingir o público da época utilizando-se do boom da Bele Época (anos 20 do século passado), isto é, fez o leitor imaginar uma mulher estupendamente fugaz, uma mulher como outras, que aparecem em outras obras, que eram consideradas “romances para homens”: “Cartas Pornográficas de D. Pedro I, Carta de Napoleão á sua Querida e Os amores Secretos de Pio IX ou os Escândalos Praticados atrás dos Reposteiros do Vaticano” (...) títulos anunciados nos jornais daquele período: Suspiros de um Padre ou a Crioula de Baixo da Cama, A mulher e o Padre, Grande Exercício em um Convento, Afrodisíaco Indispensável, A Martinhada, Serões do Convento, Memórias de Frei Saturnino, João e Francisco os Frades e as Freiras num Conven-to, Frei