A real fábrica de montejunto
Edifício dos silos de armazenamento
Câmara Municipal Cadaval
O hábito de saborear gelados e matar a sede com bebidas frescas nos dias de Verão terá vindo de Espanha e foi introduzido em Portugal pela corte de Filipe II. Não existindo ainda as modernas tecnologias de refrigeração, o recurso à neve e ao gelo constituía a única alternativa possível. Localizada a cerca de 50 km de Lisboa e próxima do rio Tejo, então via privilegiada de acesso à capital, a Serra de Montejunto tinha grandes vantagens sobre o principal centro abastecedor de neve, a Serra do Coentral (na extremidade sul da Serra da Estrela). O objectivo deste complexo fabril visava minorar as constantes faltas deste bem em Lisboa. O gelo era utilizado pela corte, algumas lojas e hospitais, nomeadamente o Hospital de Todos-os-Santos. O complexo estava dividido em duas partes: o sector de produção e o sector de armazenamento.
Tanques de congelamento
Sector de produção
Esta área de fabrico do gelo era composta por 2 poços de extracção de água, uma casa da nora, tanque de pré-enchimento e os 44 tanques rasos de congelamento. Em Setembro começava a época de fabrico do gelo. A água era retirada dos poços através de uma nora de roda dupla e canalizada para o tanque de pré-enchimento, com capacidade exacta para colocar a quantidade de água necessária em todos os 44 tanques, ficando uma altura de entre 10 cm a 15 cm cada. À noite bastava abrir a torneira, para que os tanques de congelamento ficassem com água. Durante a noite, e sempre que as condições climatéricas o permitiam, formava-se no interior dos tanques uma fina camada de gelo. Pela madrugada, ia o guarda da fábrica a cavalo, à povoação mais próxima, Pragança, que dista cerca de 5km, munido da sua corneta, acordar os trabalhadores para a recolha do gelo antes do nascer do sol. O gelo era então partido e amontoado com rodos, e transportado em cestos às costas para os silos de armazenamento.
Cronologia
1741- Inicio