A Quinta História
Nesta obra da autora Clarisse Lispector, temos como personagens: autor narrador, este que está em primeira pessoa, baratas e uma senhora que lhe ensina uma receita de como eliminar as baratas. Essa narrativa é atemporal, pois, pode-se acontecer em qualquer tempo, mas notório desta ação, durante a noite, na madrugada. Em seu apartamento, é onde ocorre toda ação concreta de matar as baratas.
Já no nível intermediário, podemos observar que as baratas não são físicas, mas representam os medos, inseguranças, coisas ou pessoas das quais a personagem não gosta. A casa passa agora, a ser entendida como o seu próprio corpo. Tudo o que está havendo é interno: algo que ela lida consigo mesma; como se, quisesse esconder dos seus próprios medos, em sua zona de conforto representado pelo seu quarto e área de serviço. Trazendo uma máscara social daquilo que se esconde dentro de casa. A narradora reproduziu a mesma história cinco vezes, possibilitando visionar em cada uma delas, uma análise diferente. Em um determinado trecho que diz “Mas olho para os canos, por onde esta mesma noite renovar-se-á uma população lenta e viva em fila indiana”, podemos perceber a agonia sentida pela mesma, por sua ação que não haveria de ter fim. Já estava ela cansada “Daquela vida dupla de feiticeira”, pois percebia que o seu vício rebentaria seu molde interno, se deparando então, entre duas escolhas: ela ou a própria alma. Ostentando, portanto, a aceitação de suas dificuldades entendida por: “Esta casa foi dedetizada”, que nos remete a sensação desta, estar conformada com seus problemas psicológicos. Com a quinta história, podemos concluir que a mesma busca pelo fim de seu sofrimento, não a morte como um todo, porque ela acredita na teoria de Leibnitz, que diz não existir a morte, mas uma sequência de vida, como se passasse para um novo plano, alcançando então, o trecho descrito no texto “A transcendência do amor na Polinésia”. Talvez a autora tenha se afastado da representação