A Questão Social e Suas Expressões
Nenhuma Constituição garante aos homens o direito de respirar. Nenhum direito mais necessário: os homens vivem sufocando-se uns aos outros. Você me sufoca. Sempre que não digo a você o que penso, sempre que mudo de voz para que você não descubra o que estou sentindo, sempre que falo sozinho, dando explicações para meu juiz interior – que é você, sempre que diante de você fico me vigiando e me controlando. Minha vingança é exigir o mesmo de você. Somos todos estrangulados.
Somos todos estranguladores
José Angelo Gaiarsa
Há muito somos influenciados e influenciamos nosso meio em menor ou maior proporção. Interferimos até quando nada fazemos, embora essa imobilidade possa se traduzir em crenças enraizadas na consciência individual, em sua abrangência sócio-histórica e institucional, e também na consciência coletiva, a qual Durkheim trás como geradora do fato social, e portanto, aprofundada nos alicerces da sociedade permeada por ela, determinando seus valores morais, suas regras, e limites, determinando o modus vivendi dos diversos grupos e classes sociais.
Dessa forma, vale ressaltar que a questão social transcende a desigualdade social, esse ou aquele problema da sociedade, gerada ou geradora de si mesma. A “questão social” por vezes entendida como “[...] um termo, uma expressão que mais esconde do que permite elucidar seu conteúdo concreto como expressão da luta de classe, da resistência e organização dos trabalhadores.”
(GUERRA, 2005b, p. 252)
Então, quando falamos de luta de classes este abrange os dois lados da mesma moeda: dos que detém o poder e os das classes subalternas, – dentro e fora dela, expressões sociais do capitalismo. Para quem está no poder
configura-se uma preocupação diária pelo acumulo de bens e poder em uma luta cotidiana para conservar seu status quo, se proteger da violência que ele própria gera, estar em permanente disputa entre os seus pares, unindo-se para