A QUESTÃO DA MEMÓRIA INVOLUNTÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE O PENSAMENTO PROUSTIANO E FREUD

1109 palavras 5 páginas
A QUESTÃO DA MEMÓRIA INVOLUNTÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE O PENSAMENTO PROUSTIANO E FREUD
“Cada dia dou menos valor à inteligência.. Cada dia acredito mais e mais que é somente independentemente dela que o escritor pode reabilitar alguma coisa de nossas impressões do passado, atingindo assim algo dele mesmo e a única matéria da arte. Aquilo que a inteligência nos dá sob o nome de passado não é ele. Na verdade, como ocorre com as almas dos mortos em certas lendas populares, cada hora de nossa vida, tão logo suceda a morte, encarna-se e oculta-se em algum objeto material. E aí permanece cativa, para sempre cativa, a menos que não encontremos o objeto. Através dele nós a encontramos, nós a invocamos, e ela se liberta. O objeto onde ela se oculta – ou a sensação, visto que todo objeto em relação a nós é sensação – pode muito bem jamais ser reencontrado. E é por isso que existem horas de nossas vidas que jamais ressuscitaremos.” (PROUST, 1988, p.39)

A partir desse excerto extraído da obra proustiana “Contre Sainte – Beuve” (prefácio) podemos fazer uma análise sobre uma das interpretações mais exploradas pelos leitores de Proust: a questão da memória involuntária, muito recorrente em seus textos.
O ponto marcante em seus textos é que ele busca elucidar a questão da “verdadeira experiência” colocando – a cobre o crivo da modernidade. Para Proust, resgatar uma ação que ficou no passado, depende unicamente do acaso e não de tentá-la resgatar no presente. É esse acaso que fará que a memória involuntária seja ativada. A memória articulada à inteligência, que se produz através de uma ação consciente, é incapaz de reavivar de forma satisfatória uma antiga impressão que se teve de um determinado acontecimento – marcado por antigas sensações, detalhes e emoções – daquilo que foi vivido anteriormente. Segundo o autor, é possível viver uma vida inteira sem que o acaso apareça para causar um reavivamento de antigas sensações e emoções que ficaram no passado.
Sendo essa a

Relacionados

  • Deleuze
    60976 palavras | 244 páginas
  • A ilha deserta
    146269 palavras | 586 páginas
  • Carrasco do amor
    105119 palavras | 421 páginas