A psicopatologia daseinsanalítica
A autora do texto esclarece primeiramente o modo de compreensão da natureza das patologias, ou seja, das doenças, segundo Boss. Para ela, somente a partir dessa compreensão é que será possível o entendimento das dimensões das patologias diversas. Dimensões essas, do indivíduo para com ele, para com outros e para com o mundo. Nesse sentido, o foco para Boss a não é a doença em si, mas o ser que adoece. Esse é que deve ser o verdadeiro foco da medicina e da psicologia. Outro ponto importante a ressaltar é que para ele, o entendimento do modo de ser doente só é possível a partir do momento que se compreende o modo de ser sadio. A doença para Boss é uma espécie de limitação, que impede o indivíduo de vivenciar todas as suas possibilidades. Assim, a saúde seria essa total liberdade de escolha dentre as possibilidades que lhe cabem, enquanto a doença lhe privaria desse poder de escolha. Esse conceito de privação é adaptado do conceito de privação Heideggeriano, ao qual estabelece que a privação é uma espécie de negação de algo sem que o mesmo tenha sido excluído. Levando em conta esse conceito de privação, para Boss é preciso levar em consideração três questões a respeito do ser que adoece: 1 – como está a liberdade deste para realizar suas possibilidades; 2 – quais possibilidades estão prejudicadas; e 3 – em quais aspectos do mundo da pessoa ocorrem esses prejuízos. A autora também discorre sobre uma diferenciação, embora esta tarefa não pareça ser preocupação principal de Boss, entre os termos saudável, neurótico e psicótico. O primeiro sendo a total liberdade e capacidade de realização de suas possibilidades, o segundo sendo um comprometimento parcial dessa liberdade, enquanto no terceiro o comprometimento seria tão radical que o sujeito não conseguiria sustentar a percepção do mundo e manter um eu intacto e independente das solicitações